Como pode um homem, um Papa, excomungar?
Quem é o ser humano para se sobrepor à vontade de Deus, para decidir quem entra ou não no Paraíso? Acaso Deus não perdoa? E se sim, que hipocrisia é esta? E se não, porque pregam o contrário? Se um homem no seu leito de morte se arrepende, Deus perdoa. Que interessa se um outro homem proferir umas palavras, umas meras e perecíveis palavras, e com elas interditar o reino dos céus? Acaso de repente o poder humano se transformou em maior que o poder divino? Não é esta uma questão divina? O que é, afinal, a excomunhão? Que poder real exerce sobre as pessoas? Quais as suas reais consequências mas, sobretudo, qual a sua real validade? Não sei se acredito nisto da excomunhão… quer-me parecer que é mais uma vez a igreja humana (notem que não digo Igreja Divina), quer-me parecer que é apenas o “poder” de que a igreja se reveste, para amedrontar os crentes que ousam pensar, raciocinar e, porventura, desafiar “verdades”. Mas não faz parte a verdade da igreja humana da Verdade final?... Apenas quem pode facultar a entrada no Paraíso é Deus, não o ser humano, investido por outros humanos, sujeito às leis humanas, por muito perfeito que se tente tornar.
De que tem a Igreja medo? Que motivos levam à excomunhão? Políticos? Económicos? Sociais? E será ela válida? Se nela não acreditarmos? Se ousarmos pensar por nós próprios? Creio que Deus nos mandou ser mansos, humildes, pequeninos – mas não “carneiros” na verdadeira acepção da palavra. É nosso dever procurar Deus, uma e outra vez, procurarmos a sua Verdade, a sua Luz, procurarmos, procurarmos, procurarmos. A igreja humana é constituída por homens, sujeitos aos seus próprios interesses, e a História tem revelado isto cada vez mais. O que se pensa ser dogmas, terem sido inspirados directamente por Deus, tem-se vindo a descobrir que não são mais do que verdades fabricadas por pessoas a quem esses interesses servem. Como então acreditar? Não em Deus – é impossível duvidar da sua existência, Ele é tão certo como o ar que respiramos – aliás, Ele é o ar que respiramos, a água que bebemos, as flores que vemos, os odores que cheiramos. Dele não se poderá duvidar. Mas como acreditar no que os homens fazem Dele? Como acreditar – e como aceitar??, que um homem, um mero homem, um simples humano, tão falível como qualquer outro, se arvore em Deus? Que arrogância é esta? É esta a pequenez que Ele nos recomendou?
Como pode um simples homem arvorar-se em Deus e decidir quem faz ou não parte desta família? Se Deus aceita e perdoa, a excomunhão é uma arrogância por parte de quem a profere e um “castigo” sem sentido para quem o “sofre”.
Se Deus não aceita e não perdoa, a excomunhão perde o seu sentido porque não serão as palavras de um homem, mais uma vez um mero e simples homem, a alterar a decisão divina….
Assim, qual o sentido disto?
Quando e por que aparece?...
Fica a reflexão e o desejo de posterior estudo…
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Há 1 mês