Amor eterno...

Lilypie First Birthday tickers

terça-feira, agosto 03, 2010

Partindo de Sequeira Costa...

No outro dia tive a oportunidade de ver (embora não completa, já que estava a morrer de sono) uma entrevista a esse grande mestre que é Sequeira Costa. Adorei.

No entanto, houve algo que ele me disse que ficou a "macucar" cá dentro do meu cérebro.

Já não sei transcrever com exactidão as suas palavras, mas referiam-se aos concursos de piano, e sintetizando, a sua mensagem era de que os concursos de piano, actualmente, estão todos viciados, comprados, corrompidos. Daí que no concurso de que ele é presidente há MÚSICOS e não pianistas. (Devo no entanto dizer que isso também não é garantia de nada...)

Infelizmente, sei que é verdade. Digo infelizmente porque a Arte é algo tão belo que deveria ser impossível corrompê-la. Deveria ser impossível membros do júri deixarem-se comprar sabe-se lá por que preço. São pessoas ligadas à música, ao piano, a algo que é belo e puro... daí que eu não goste de concursos.

No entanto, como os leitores que têm a paciência de andar por aqui a ler os meus desvarios sabem, tenho uma pequena (já não tão pequena, mas pronto) irmã que desde os 8 anos anda em concursos, por isso tenho uma visão "interior" do que se passa. E não é bonito...

Se me lembrar do primeiro concurso dela, onde ganhou o 1º prémio, nada há a apontar. Talvez por ter sido o primeiro, talvez por eu não saber exactamente o que era um concurso, etc etc etc. Nada a apontar salvo seja. A amiga O. resolveu que não valia a pena trabalhar com ela para a final, porque aos 8 anos a minha irmã cometeu o "crime" de dizer que ainda não sabia se queria ser pianista profissional. Logo, não vale a pena trabalhar com ela para uma final. Hoje só tenho a agradecer esse facto, já que me deu a oportunidade de trabalhar com a J. a sério e vê-la ganhar o primeiro prémio com unanimidade do júri.

Muitos concursos têm passado pelas suas mãos. Muitos mesmo. Portugal, Espanha, Bélgica, França, Marrocos...

De todos estes, curiosamente, o que pior impressão me deixou foi o da própria escola onde ela estuda...

Que me dizem se eu vos disser que nesse "concurso" as regras são feitas de acordo com quem certas pessoas querem que ganhe o primeiro prémio?

Querem um exemplo?

Há dois anos, uma certa rapariga (de quem eu já falei aqui, e que dá pelo nome de KGB, ou A., ou Federação Russa, tanto faz, escolham) tinha 17 anos. Logo, a primeira categoria era ATÉ aos 17 anos. Portanto, dos 6/7, quando as crianças começam a participar, ATÉ aos 17. Isto quando normalmente as categorias são de 2 em 2 anos, para manter tudo mais ou menos dentro do mesmo nível. Se um concorrente quiser participar numa categoria superior (como a minha irmã fez em Marrocos, onde em 2 categorias arrecadou 3 prémios, incluindo o de melhor intérprete na peça à escolha), fá-lo à sua responsabilidade.

Dois anos depois...

Querem adivinhar qual o limite da 1ª categoria?

Portanto... 17 + 2 = 19.

Exacto. De 17 para 19. Agora... pensemos... quem é que há 2 anos tinha 17 anos e ganhou o 1º prémio, deixando uma rapariga coreana de 12 anos com um programa do tamanho deste mundo e do outro com o 2º? Exacto, A., tu. E sabes tão bem quanto eu que esse prémio é falso, quem o merecia era a menina de 12 anos, que tocava deixando-te a um canto... Sabes, chateaste-me tanto tempo que agora deixo isto sair tudo cá para fora. Eu avisei-te que não sabias com quem te metias. Quiseste brincar, fazer chantagem, contar o que não devias a quem nada tinha a ver comigo para depois ser a minha J. a apanhar, agora... temos pena. Aprendi com a I. a ter uma "veia viperino-literária".

E quem é que este ano tinha 19 anos, concorrendo assim na mesma 1ª categoria? A resposta é tão fácil que quase não vale a pena dá-la... claro que "ganhou" mais um primeiro prémio.

Estas coisas revoltam e muito. Quem está de fora, não se apercebe delas, mas eu, que estou dentro, que ensino música, que em Setembro serei professora em Castro Verde (KGB, apressa-te a transmitir a informação!!!), a mim estas coisas entristecem-me. Há pessoas tão válidas em concursos. É preciso uma coragem enorme para ir tocar perante um júri que está atento a tudo, e depois... depois vê-se e sente-se na pele estas injustiças.

Mas há uma coisa chamada karma. Ou destino. Ou ainda um provérbio que diz que escreve Deus direito por linhas tortas.

O que me alegra no meio disto tudo é que este ano o descalabro foi tão grande que até quem estava de fora se apercebeu que foi tudo montado para atribuir o 1º prémio a uma determinada pessoa. A consequência? O dito concurso já anda nas bocas de todas as escolas de música, conservatórios, escolas superiores.

Quem brinca com o fogo queima-se. E ainda que não se tenham dado conta, este ano esticaram-se demasiado. Há consequências, e uma delas é que um concurso que no início até tinha qualidade está completamente destruído.

Uma salva de palmas à "gerência" do concurso e da dita escola de música. É que em termos de imagem e credibilidade.... estão arruinados.

A confiança leva anos a construir... e um segundo a perder-se. E uma vez perdida... perdida está...



"Nosce te ipsum"

Rascunhos antigos