Nesta vida, por vezes há milagres. Onde menos se espera, eles aparecem, sem pedir autorização, sem se anunciar, simplesmente estão lá.

Este ano, um desses milagres aconteceu. A minha vida está a mudar radicalmente, a nível profissional, e consegui o que nunca pensei conseguir.

Foi uma lição de vida, mas no decorrer do ano passado aprendi, talvez da maneira mais dura, que não há amigos sem ser a família e que quem não deve não teme. Aprendi também, ou tive a confirmação, de que a nossa felicidade passa pelas nossas mãos.

Já se sabe que se vive numa época instável. Para os professores ainda pior, não me recordo de um ano lectivo em que o concurso tenha sido tão... caótico!

Tomei, junto com o E., as rédeas da minha vida. Não é solução andar com um bebé pequeno a montar casa, desmontar casa, é colocado, não é colocado, vai para a frente, vai para trás...

Chega. Cabe-nos a nós dizer quando nos basta de uma situação e para nós, basta. Arriscaremos e faremos a nossa felicidade, o nosso trabalho.

E é aí que entra o tal milagre. Consegui voltar a ser colocada, num horário completo, com uma mancha horária que me permite também apostar no nosso projecto.

Implica, sim, muitas viagens, muito cansaço, mas poderei estar junto dos meus, no meu cantinho, no meu sítio, com o meu filho. Já abdiquei de muito tempo com ele por uma hipotética carreira na docência. Sinto-me enganada e injustiçada, mas o passado não o posso mudar. Posso sim mudar o agora e no agora a minha opção é fazer o tudo por tudo mas trabalhar para criar a minha estabilidade. Há coisas que o dinheiro não paga e a minha felicidade por poder estar com a minha família é uma delas.

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