Amor eterno...

Lilypie First Birthday tickers

quinta-feira, abril 02, 2009

Em processo de conhecimento de mim mesma.

É um pouco raro, penso, chegar ao 24 anos e dar-me conta de que não sei quem sou, não me conheço a mim própria.

Por vezes sei o que quero, por vezes tenho a sensação de que tenho falhado em tudo e mais alguma coisa.

De que me serve ter já uma licenciatura, de que me serve estar a tirar outra, de que me serve estar a trabalhar, de que me serve tudo isto?

Poderão dizer, "serve-te para te sustentares, para sobreviveres neste mundo cão".

Sim, eu sei. Mas... será realmente isso que mais interessa nesta vida?

Claro que a capacidade de um se auto-sustentar é importante. A lei da vida é assim mesmo e infelizmente chegará uma altura em que apenas comigo própria poderei contar, por isso é tao importante adquirir desde já mecanismos de defesa e suporte que me permitam, de uma maneira ou de outra, conseguir lidar com esse momento.

Mas...

Será possível viver-se a vida só com esta capacidade de sustento? Não será isso apenas sobreviver, e não viver realmente?

Que nos faz falta para viver, e não apenas sobreviver? Não será a felicidade parte integrante do processo?

Já Oscar Wilde dizia que "a maior parte das pessoas se limita a existir".

E como encontrar essa felicidade? Amigos? Família? Trabalho? Estudos? Casamento? Saídas à noite?

No fundo, bem la no fundo, não serão isto apenas máscaras, mecanismos que nós encontramos para não termos de lidar conosco próprios? Ocupações, nada mais que isso, para termos a desculpa perfeita para não termos tempo para nos confrontarmos com o nosso eu mais profundo?

Nunca fui alguém muito sociável, nunca o consegui ser, nunca me senti à vontade junto de muitas pessoas, não sei interagir socialmente.

Não quer dizer que não goste de estar com pessoas, somos seres humanos e temos esta necessidade, quase absurda, de conviver com os outros. Gosto de estar com os outros, de observar as suas reacções, e de tentar perceber como funciona todo este mecanismo de interacção humana.

É complicado conviver com as pessoas, nunca se sabe o que se pode ou nao dizer, porque cada pessoa é um universo e não há certezas do que é levado a bem e do que é levado a mal, e por vezes a mais pequena coisa origina um mal-entendido tamanho que se perde confiança que leva anos a construir. É raríssimo, se não impossível, encontrar um, apenas um, verdadeiro amigo. Daqueles em que podemos ser nós próprios, sem máscaras, sem medos.

Mas essas máscaras, poderão elas realmente cair?

Acredito piamente que não, uma vez que nem nós nos conhecemos verdadeiramente porque encontramos sempre milhares de desculpas para não o fazermos. Se nós nao nos conhecemos, como saberemos o que é uma máscara e o que não é? Como sabemos que estamos a ser nós próprios ou quando estamos a ser o "nós-próprios-politicamente-correcto" porque estamos com os outros? Não nos faltará um pouco a coragem, quando depois estamos sozinhos, de sermos quem realmente temos e precisamos de ser? Seja alegres, tristes, aborrecidos? Seja o que for?

Cada vez me faz mais sentido a máxima "conhece-te a ti próprio". Mas deveria ser mais "tem a coragem de te procurares no meio da agitaçao deste mundo".

Não é fácil e está enganado quem disser que é.

No fundo...

No fundo o que realmente importa nesta vida?

Os títulos? Que eu saiba, quando nasci, não havia nenhum "doutora" antes do meu primeiro nome.

Dinheiro? É necessário, sim, mas so até certo ponto. Ele não compra alegria, felicidade, amor nem boa educaçao...

As licenciaturas? Mas para que servem se não as pomos em prática? E que nos ficará realmente de conhecimento útil depois de as terminarmos?

Amigos? São raríssimos, e praticamente todos acabam por nos desiludir uma vez ou outra, mais cedo ou mais tarde. Importa a capacidade de os perdoar e de esquecer o que nos fazem, mas se o fazemos vezes demais, somos apontados como "trouxas", como "tansos", como aquelas pessoas que dizem que sim a todos, independentemente de terem sido ou nao magoadas.

O próprio processo de perdoar é tao complicado. Perdoo porque não sei ser de outra maneira. Perdoo vezes e vezes sem conta. Quando não o faço, sinto-me arrogante, convencida, e fico mal comigo mesma. No entanto, isso não quer dizer que nao me sinta triste quando me magoam, quando me usam, quando vejo que so sirvo enquanto as pessoas ganham alguma coisa em serem minhas "amigas".

Que necessidade é esta que eu tenho de tentar ter amigos quando vejo, e sei, e sinto na minha pele, que não existe tal categoria de pessoas, tirando um ou outro caso muito, muito excepcional?
Que necessidade esta de me tentar integrar, de tentar ser "normal"? Não o sou, nunca o fui, e provavelmente nunca o serei.

Tenho tanto, tanto, dentro de mim, e não encontro maneira de o fazer sair.

Se nem eu me conheço, se nem eu sei quem sou, nem como sou... como hão os outros de o saber?...

Cada vez mais esta necessidade de conhecimento de mim mesma, já que só assim saberei o que me faz falta, o que me vai completar, o que me vai permitir encontrar essa felicidade que todos procuramos e que poucos encontram.

E poucos encontram porque nos encontramos presos ao imediato, ao que todos nos dizem que precisamos de ter: dinheiro, trabalho, emprego, títulos.

Não é isso que nos define.

Quanto mais temos, menos somos, porque mais presos nos encontramos a tantas e tantas futilidades desta vida.

Então é necessário libertarmo-nos, termos a coragem de nos conhecermos, de nos procurarmos, de nos encontrarmos e enfim de nos afirmarmos, sem medos e sem receios, porque afinal de contas se não formos honestos conosco, não o seremos com outros.

Libertemo-nos entao do imediato e do material, procuremos que somos bem lá no fundo.

Conheçamo-nos.

Rascunhos antigos